sexta-feira, 27 de agosto de 2010

TCI

Apesar de estar me divertindo horrores na Índia (de alguma forma estou), não vim para cá para fazer turismo. O objetivo inicial era trabalhar – atualmente meu único target tem sido achar um lar!
Então, dia 25 de agosto comecei a trabalhar.

A empresa

TCI – Transport Corporation Logistics é uma companhia de logística que atua de diversas formas no mercado indiano e internacional. A empresa possui ações na bolsa indiana porém ainda possui a hierarquia patriarcal de uma empresa familiar.

Eles possuem um planejamento ambicioso para o ano que vem e pretendem entrar no mercado brasileiro ainda esse ano! E é exatamente aí que eu entro! Estou passando por um treinamento aqui e depois em Cingapura para finalmente trabalhar pra eles no Brasil.





Reparem na música de fundo!!!

Nos próximos dias (incluindo o sábado) estarei em uma intensa Induction sobre a empresa e suas divisões! 

Aliás, só para constar, estou trabalhando para TCI Global!

Primeiro dia de trabalho

Como toda boa empresa deveria fazer, a TCI disponibilizou um carro e um motorista para nos buscar e nos trazer para casa TODOS OS DIAS!

Meu horário de trabalho é das 9:00 às 17:30 com meia hora de almoço. 

Assim que chegamos fomos diretamente para a sala do CEO da TCI Global (nosso chefe!). O moço não poderia ser mais simpático! Ele faz super aquele estilo paizão e, é claro nos ofereceu água, café e Chai (http://pt.wikipedia.org/wiki/Masala_chai). Agora, me diz como se recusa algo de um CEO ainda por cima indiano...

Apesar das minhas dúvidas quanto a procedência da água, tive que tomá-la de bom grado. Vanessa (a outra trainee brasileira da TCI) também tomou!

Bom, tudo parecia normal e estava correndo bem! O próprio CEO nos explicou todas as divisões da empresa, os projetos sociais e ainda pudemos desabafar sobre a nossa falta de teto para morar!

Sentamos em nossas respectivas mesas e ...

Começou!

No momento em que eu olhei para Vanessa pude ver que ela sentia o mesmo! Era como se houvesse começado uma rebelião em nosso estômago e tudo o que comemos nos últimos 23 anos queria sair desesperadamente!

Ainda faltavam 5:30 para sairmos da empresa... e é claro que havíamos esquecido nosso rolo mágico de papel higiênico. O único jeito era esperar e rezar!

Alguns minutos depois e uma nova surpresa...

Nosso almoço chegou!!!



A comida é boa! Mas cai literalmente como uma bomba! E se não conseguimos rejeitar um copo d'água imagine a comida...

Comemos o mínimo possível, mas as consequências foram grandes!

Estávamos tendo induction com o manager responsável pela área comercial da TCI Global quando as cólicas começaram... Não me perguntem quem era o Manager nem o que ele faz porque estava muito ocupada tentando atingir o Nirvana... 

Nós duas tentamos de tudo... respiração cachorrinho, tentar não pensar, até aquela "pulinho" estratégico na cadeira para segurar a pressão...

E pior que funcionou!

Conseguimos passar o dia inteiro com muita cólica mas sem desastres! 

E no fim do dia tivemos a oportunidade de conhecer o Mr. BiRing.

Sabe aquela história de que indiano tem um sotaque estranho... bom, é bem pior que isso.

Estávamos na reunião mais monótona da face da Terra com um indiano que falava extremamente baixo. Não preciso falar que após 1 minuto já estava recordando os melhores episódios de Friends ou tentando lembrar quantos rolos de papel eu trouxe pra India... 

De repente, o bendito indiano sacou que eu e a Vanessa já estavamos no Brasil e não ouvimos uma palavra do que ele falou!

Eis que surge o melhor diálogo do dia:

Indiano - Do you know what biRing is?

V/M: BiRing?

Indiano: Yes, biRing!

V/M: How do you spell it?

Indiano: B-I-double L- I-N-G

V/M: Ahhhh biLLing!!!

Indiano: NO! BiRing!

As barreiras na India vão muito além da cultura!

E assim terminou meu primeiro dia de trabalho...


quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Raksha Bandhan (रक्षा बंधन)

Momento Cultural:

Ontem (24 de agosto) foi o Raksha Bandhan.  O dia em que as irmãs honram seus irmãos e em retorno os irmãos confirmam novamente o compromisso de proteger e olhar pelas irmãs.

Existe até um ritual! Primeiro as irmãs amarram um Rakhi (espécie de pulseira) no pulso do irmão, põem um Tiak (terceiro olho) sem sua testa, jogam arroz para dar sorte e ainda por cima os alimentam com doces. E em troca o irmão da sua benção para a irmã!

Me pergunto quando será o dia das irmãs....

domingo, 22 de agosto de 2010

A Casa

"Era uma casa muito engraçada
Não tinha teto, não tinha nada
Ninguém podia entrar nela, não
Porque na casa não tinha chão
Ninguém podia dormir na rede
Porque na casa não tinha parede
Ninguém podia fazer pipi
Porque penico não tinha ali
Mas era feita com muito esmero
Na rua dos bobos número zero"

A Casa - Vinícius de Moraes

Ter um teto, um lugar para morar é uma prioridade na vida de qualquer ser humano. Era o que eu pensava até conhecer a AIESEC- India (o lado negro da força). 

Eu não ligo de não terem ido me buscar no aeroporto, não ligo de não conhecer uma alma viva da AIESEC aqui, não ligo de não ter ajuda nos meus primeiros dias aqui na India. Agora, posso até parecer mimada, mas eu faço questão de um teto para viver (um teto para meu país - filial India???)! 

E olha que não sou exigente! Peço somente um quarto (que pode ser dividido com outras pessoas), cozinha e banheiro. 

Apesar de pouco para os padrões ocidentais, as minhas exigências são descabidas para a AIESEC - India. Segundo minha manager, eles estão fazendo todo o possível para me ajudar, mas eu tenho que começar a flexibilizar minhas exigências (?).

Acho que no fundo ela esta certa! Estou me preocupando demais! Quem precisa de casa quando se tem as belas paisagens indianas... 

Família de suínos passeando próximo a avenida

Vacas Sagradas
Pacífico trânsito Indiano

Mas Ganesh não nos desamparou!!! Sem casa e sem amigos indianos, encontrei abrigo em uma pensão... aquela que eu dormi na minha primeira noite na India! 

Ao todo são 9 metros quadrados, bem distribuídos em quarto com uma cama de casal que é dividido entre eu, Chico (meu salvador) e uma espanhola (Paula).

Jantando em casa


Apesar de todo esse luxo, seguimos com o sonho da casa própria(mente alugada)! E enquanto não encontramos nosso Taj Mahal, seguimos cantando: "Era uma casa muito engraçada..."





sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A viagem

Foi relativamente tranquilo arrumar a mala! Só colocar 23 anos em duas malas que não podem exceder 32kg! Sem contar todos os tipos de remédio e muito, mas muito papel higiênico.
Tudo empacotado, passagem comprada, é hora de dizer adeus para família e amigos e seguir para viver a loucura que é a India!
Mas não é tão fácil como se imagina! Deixei o Brasil no dia 16 às 22:30 e cheguei dia 18 às 21:00 (horário local), ao todo foram 1 dia e 13 horas de viagem!
Mas as surpresas vieram muito antes da aterrissagem!
Minha escala foi em Nova York... sim, eu também fiquei empolgada! Mas a empolgação acabou no minuto que eu cheguei no aeroporto JFK e tive que mudar para o Newark! Resumidamente foram 8 horas sem poder ir ao banheiro em um aeroporto que não tem nada de interessante! Por que? Porque os estadunidenses são psicopatas e não conseguem ver malas sozinhas sem chamar a SWAT, FBI e a CIA! Tive que esperar (im)pacientemente a hora do check-in para poder tentar falar com a família e descobrir o meu endereço na India (não... eu ainda não tinha casa...).
Foram as 15 horas de voo mais longas da minha vida! Ao lado de uma senhora indiana naturalizada americana extremamente simpática que possui pavor de voar e chorou e rezou o caminho inteiro, pude assistir todos os filmes de Bollywood que a Continental pôde fornecer!
Quinze longas horas depois... cheguei em Delhi!
Claro que ninguém da AIESEC India iria me buscar no aeroporto. Preparada para isso, cheguei a imprimir o mapa do bendito lugar para achar mais facilmente o taxista e a placa com meu nome! Mas ao sair do aeroporto ouvi a mais doce das vozes chamando o meu nome! Chico, meu salvador de Maringá veio me salvar!!!! Ele chegou apenas um dia antes e lá estava ele me esperando! Obrigada por isso!
Fiquei tão feliz que jamais imaginaria pelo que estava prestes a passar...
O taxi não era maior que um Twingo e não possui porta-malas. Agora, em nome de Shiva, aonde o taxista iria colocar as minhas malinhas???? Fácil, em cima do carro, amarradas somente por uma cordinha!
Ahhh mas não foi tudo! Seguindo viagem para minha futura casa (que miraculosamente era a mesma que a do Chico) o telefone do taxista toca... era a minha querida manager (pessoa que deveria cuidar de mim na India) avisando que houve uma mudança de planos... minha casa agora era em outro lugar!
Resultado: duas horas depois, ainda perdidos pelas ruas escuras e sombrias, com um homem que mal fala inglês, sem conhecer o lugar e sem ter a mínima idéia da onde estávamos, o pânico surgiu! A vontade de gritar "DE VOLTA PARA O AEROPORTO AGORA" era incontrolável. Por que eu deixei meu lindo país com taxis limpos e ruas iluminadas????
Chico, meu salvador, se pronunciou e pediu para voltarmos para a casa dele! Após mais um tempo rodando chegamos a minha atual casa! E assim que acabou minha primeira aventura na India...

A Origem de tudo!

Antes de começar a postar preciso agradecer a pessoa que teve a idéia genial para o blog, o irmão do Chico (Pedro). Thanks!
Agora de fato começando...
Após um ano e meio fora da AIESEC (quem conviveu comigo deve conhecer, mas aqueles que não conhecem ai vai o site: http://www.aiesec.org.br/site/) decidi voltar e realizar meu intercâmbio profissional.
Tive uma série de motivos que variavam desde a necessidade de ter uma experiência profissional internacional até a busca pela independência pessoal, mas o que importa mesmo é que eu decidi!
Mas por que India??? Até hoje me pergunto... mas tive boas razões! A India é um país que possui uma cultura milenar, atualmente um dos países que mais cresce anualmente e completamente diferente de qualquer outro lugar que eu já tenha ido na vida. Além disso, a proposta de trabalho foi sensacional: empresa de logística internacional abrindo escritório no Brasil querendo que eu trabalhe três meses na India, três meses em Cingapura e depois volte para trabalhar para eles no Brasil!
Malas feitas, visto tirado, passagem comprada, comecei o meu programa indiano...